MATÉRIA TÉCNICA: CONTROLE AMBIENTAL NO CANTEIRO DE OBRAS

                                                                                                   

MATÉRIA TÉCNICA: CONTROLE AMBIENTAL NO CANTEIRO DE OBRAS

Em todos os setores industriais, reduzir as ações poluidoras é de grande importância, seja pela preocupação social, seja por novas legislações ou tratados internacionais. Na construção civil não seria diferente, pois o setor é responsável por 30% da emissão dos gases do efeito estufa de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

As construtoras, por sua vez, também estão se mobilizando com ações para mitigar os impactos ambientais gerados no canteiro de obras, principalmente para os seus trabalhadores e para a comunidade ao entorno. São muitas frentes que merecem atenção como geração e gestão de resíduos, consumo de água e energia, interferência na vizinhança durante a execução da obra – ruído, trânsito e poeira.

  • Controle de Particulados

Adotar estratégias para controlar a propagação de materiais particulados que podem ser sólidos ou líquidos, e que podem ficar suspensos no ar ou poluir solos e rios, causando danos à saúde e ao meio ambiente.

Controlar as emissões exige planejamento para identificar todos os riscos e formas de mitigar seus danos como, por exemplo a instalação de redes de retenção de pó nas fachadas em execução ou para a movimentação de terra, promover barreiras físicas e aspersão de água para reduzir o espalhamento da poeira por vias públicas e suspensão na atmosfera.

  • Gestão de Resíduos

A Resolução Conama 307/2002 estabelece as diretrizes para a gestão de resíduos sólidos gerados na construção civil, classificando os resíduos como classes A, B, C e D. A grande parte dos resíduos estão na classe A, que são resíduos inertes e volumosos, como entulhos constituídos por blocos, concreto, argamassa e telhas cerâmicas. Sua destinação deve ser realizada de forma correta para empresas que recolham tal material para o seu descarte correto.

Tintas, solventes, óleos, graxas, estopas e materiais contaminados são classificados como resíduos perigosos e devem ser destinados a empresas aptas para realizar o seu devido descarte. Para validar o processo de destinação de resíduos perigosos, o Estado de São Paulo é solicita o Certificado de Movimentação de Resíduos e Interesse Ambiental (CADRI), no qual o transportador contratado emite por obter habilitação específica para transportar estes resíduos.

  • Emissão de Ruídos

A poluição sonora é um dos problemas ambientais mais comuns encontrados na construção civil, principalmente em determinadas etapas como demolições, movimentação de terra e fundações.

A exposição prolongada a sons elevados pode causar doenças ocupacionais e afetar diretamente o bem-estar físico e mental das pessoas, além de poder causar conflitos com a vizinhança.

Para controlar a emissão de ruídos, é necessário a medição periódica dos níveis de decibéis (o nível do ruído no local), realizando medições no entorno da construção e em posições relativas aos locais de operação das máquinas.

Deverão ser elaborados programas para prever medidas mitigatórias, como a escolha de equipamentos adequados a atividade executada, treinamento aos funcionários para o uso correto de EPI’s e para evitar exposições desnecessárias, além de atender aos horários permitidos para os níveis de ruídos gerados por determinadas atividades.

  • Entorno

Todo o entorno da obra deverá ser levado em consideração para evitar a propagação da poluição pelas vias públicas, causando transtorno a vizinhança.

Essa poluição pode ser gerada pela falta de lava-rodas para caminhões ou pela falta de contenção para que os resíduos da construção não sejam levados para as vias públicas.

Deverá ser elaborado um plano de ação para o aumento no fluxo de veículos gerados pela construção e elaborar um plano de impacto de tráfego de acordo com a atividade do empreendimento construído, informando o impacto que isso gerará para a região em que será executada a construção.

  • Água e Esgotamento sanitário

A água é um insumo muito utilizado na construção civil e por isso deve-se planejar o seu consumo de forma a reduzir os custos e contribuir para o meio ambiente.

O esgotamento sanitário deve ser realizado de forma adequada, atendendo as normas e leis vigentes para que não haja descarte irregular ou contaminação do solo e lençol freático.

De acordo com o Estatuto das Cidades, Lei Federal nº 10257/2001, todo planejamento urbano de uma cidade baseia-se no seu próprio plano diretor que define as diretrizes da política de desenvolvimento e as prioridades do município, além de avaliar os impactos do crescimento da cidade dentro dos aspectos urbanísticos e ambientais de sua implantação. Com isso, as construtoras deverão atender as medidas adotadas por cada município e órgão competente para manter o controle ambiental em seus canteiros de obras.

Sabrina Balieiro – Engenheira Civil – Diretora de Eventos da ASSEAB

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